terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Uma história de tempo - FINAL

Se fosse uma novela, estaria tocando “Broken”, a música preferida dela, a primeira que ela o enviou. O cabeleireiro sentiu o impacto daquela presença, então saiu.
- Eu não consigo lembrar bem de você. - disse ela, após um minuto de silêncio, tentando buscar o rosto dele nas memórias antigas. - Quem é ele? - perguntou à loira.
Ele não sabia se tinha mudado muito, ou se apenas ela dizia isso ironicamente.
- Sou eu, o rapaz do sorriso lindo, o príncipe, o fogo e gelo.. - Eram todas as palavras que ela o chamava, ele as repetia, assustado, desesperado - Sou eu, o ..
- Acho melhor você sair, ela tem que respirar para poder descer, não é? - disse a loira, empurrando-o para a porta. - Então, chamarei alguém pra vir. Estarei no altar.
Ele ficou assustado, a loira fez um sinal para ele sair. Então atravessou o quarto, incrédulo, deixou a caixa de cartas na mesa, deu-lhe um beijo na testa e abriu a porta. Ele ainda não acreditava nisso, ela não lembrava dele.
- Fique para o casamento. - disse ela, sorrindo, enquanto eles dois saiam.
- Por que não deixou dizer meu nome? - perguntou à loira, parecia estar bravo.
- Porque ela ainda.. - parou.- não pode saber quem é você.
- Ela ainda me ama? - perguntou, feliz, segurando o trinco da porta. - Ela só não me reconhece, então. - A loira o interrompeu.
- Não, não é isso. Ai meu Deus, não acredito que vou ter que te falar isso agora. Eu tenho um casamento para ajustar os detalhes. Faça o seguinte: me ligue, contarei tudo. Ou espere até fim do casamento.
- Não, eu não aceito. Me diga isso agora. Por que?
A loira respirou fundo e percebeu que tinha que ceder.
- Tudo bem, venha comigo. - ela disse, o levando para o quarto da frente. Ao entrarem ela ficou de costas para ele e começou: - Depois da última vez que vocês se viram, no noivado do primo, ela começou a usar drogas. Ela começou a ter problemas sérios. Bebidas, choros, gritos, loucuras mesmo por causa de você. Várias pessoas tentaram falar com você, e eu – ela virou para ele – fui uma dessas pessoas, mas você não queria ouvir falar dela, nem nada. Então a única coisa que deveria ser feito era interná-la. Ficou lá por 3 anos, continuando com crises por causa de você. Falava somente que você a esperava do lado de fora, dizia que você a amava. Depois que saiu, você não apareceu mais, quando aparecia ela não te via, mas eu via, e eu só sentia nojo de ti. Ela percebeu que você nunca chegaria, nunca responderia as coisas que ela lhe escrevia, nunca ligaria.. e então parou, se isolou. Sua mãe pensou em interná-la novamente, mas a família não via como uma boa escolha. Foi aí que uma vez, em uma de suas visitas à clínica, ela conheceu seu noivo e então ele se apaixonou por ela, tentou conquistá-la durante quatro anos. Ela o usou como um remédio para curar a dor que sentia por você..
- Ei, aqui está você! - interrompeu um homem branco e alto. - Está chegando a hora.
- Já vou. - disse ela, e ele saiu.
- Eu posso mudar tudo isso. Sou diferente agora, ela precisa saber quem sou eu, já que me ama. - dizia ele, desesperado.
- Claro que não. Você não viu? Você a chamou de tudo que ela te chamava, mesmo assim não adiantou. Muitas coisas, como esta, foram apagadas pelo tempo, ou até mesmo pelas drogas.
- Ela vai mesmo casar com outro que ela não sente nada? - ele perguntou, segurando as lágrimas que inundavam os olhos.
- Ela sente algo por ele, mas não a mesma coisa que sente por você. Ela tinha que seguir em frente, eu sinto muito. Você deveria ter aparecido mais cedo, quem sabe você estaria lá embaixo a esperando agora. - ela respirou fundo e limpou a lágrima que escorria em suas bochechas. - Eu tenho que ir agora.
Ele saiu logo depois, ia falar com ela, mas desistiu quando a viu na porta do quarto, saindo, sorrindo e feliz. Ela olhou para ele, como aquela primeira vez, talvez.
Ficou observando-a até descer as escadas, então decidiu pegar aquela caixa e levar para casa novamente, ela não merecia reviver tudo aquilo.
Enquanto ia embora, olhou para ela mais uma vez, ela o olhava e sorria, o mesmo olhar e sorriso do primeiro beijo deles.
Um dia iriam se reencontrar? Um dia viveriam felizes juntos? Ele não sabia, mas ia lutar por isso, não ia deixar mais uma vez 10 anos passarem...

@JoannaFarias_

2 comentários:

  1. "Ela sente algo por ele, mas não a mesma coisa que sente por você. Ela tinha que seguir em frente, eu sinto muito..."

    Vai ser assim? =( Só um "segundo melhor"...
    Não conseguiremos?

    Como seria bom se "eles" sempre se arrependessem no final... Mas isso quase nunca acontece. =/

    Eu acho que eu lembraria... não sei... mesmo 10 anos depois...

    Lindo texto, Joana! *-*
    Final triste mas é assim a vida...

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  2. Nunca aparecerá um segundo melhor, acho que pode aparecer aquele que tampe o buraco, amenize a dor, mas nunca melhor. :/
    Quase nunca acontece, ou seja, ainda pode acontecer. Temos 1% de chances e ainda uma vida longa pela frente, somos novas, temos forças para lutar \õ/
    Eu lembraria, meu coração recnheceria.

    Obrigada *---* (Joanna)

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