sábado, 22 de setembro de 2012

Os três amores de Maiane (parte I)

O som tocava alto na casa amarela de número 239. Maiane estava usando uma lingerie vermelha, a última que tinha comprado. Olhava para três combinações de roupa que tinha deixado em cima de sua cama, não sabia ainda o que escolher. Foi à cozinha, pegou outro copo de wisky. Olhou para a calça preta e a blusa vermelha, que ela vestiria se fosse sair com Flávio, por ele ser mais reservado e mostrar uma melhor aparência à ele. Em seguida olhou para a saia curta, que combinava com aquela blusa azul. Ficou olhando e lembrou que parecia mais com Marcelo. Então olhou para o short preto e a blusa branca, que modelava bem seu corpo. Seria melhor opção, já que não sabia se encontraria Henrique por lá. Se ele a visse daquela maneira, com certeza olharia para suas pernas, seu bumbum, sua cintura, seus seios e em seguida seu rosto. E naquele momento ele pararia de olhar, virando para outra direção. Acabou pegando em seu guarda-roupa com um outra short e outra blusa, que não estavam separadas na cama. Flávio não andava em festas, Marcelo tinha tomado chá de sumiço, e com certeza Henrique não olharia para ela. Se não tinha os três, então pra que ser tão seletiva?
Flávio ligava mais uma vez, ela olhava o telefone tocar e penteava o cabelo. Tinha falado com ele a pouco mais de 20 minutos. O que ele queria? Ela não iria atender. Atender pra que? Para ficarem um ouvindo a respiração do outro com o silêncio? Para ela falar, falar, falar e ele apenas dizer “hum”? Ela gostava dele, mas não gostava dele. Ela não sabia o que sentia, mas ela o considerava especial. Não sabia se gostava dele pelo fato dele ser o único que se apaixonou por ela e ela sentir pena dele, ou se ela gostava dele porque ele a tinha conquistado. Era estranha a “relação” deles. Eram namorados e livres ao mesmo tempo. Ela era mais livre, ela vivia mais. Ela saia mais, sorria mais, bebia mais. E coloque mais nisso. Mas ela nunca tinha bebido por ele, ela sempre bebia por Henrique, aquele que a deixava gelada, trêmula, sem fala, sem reação toda vez que chegava perto. Aquele que ela mais queria e a ignorava, nem lhe dava atenção. Por isso que ela bebia, para ele notá-la, para ele saber do vexame que ela fez por causa dele. Para ela ter coragem de tentar beijá-lo, ele sair de perto e ela cair no chão, chorando. De novo. É, ela tinha feito isso uma vez. E dizia que faria de novo, de novo e de novo, se tivesse certeza que valeria a pena. Aquele tinha sido o último dia que ela o tenha visto. Estava com vergonha dele, mas mesmo assim queria vê-lo e queria que ele a visse novamente. Que ele saísse de perto toda vez que ela chegasse, e que ele se afastasse quando ela tentasse beijá-lo. A última vez que chorou por ele, estava em uma festa, com Marcelo. Ah, Marcelo. Ela suspirava quando lembrava dele. Quando lembrava do toque de suas mãos em seu cabelo, em suas pernas.. sentia ainda um arrepio quando ele mordia suas orelhas e seus lábios. Ficava a se perguntar se ainda ficariam juntos novamente, não que ela se importasse tanto com isso. Ela nem gostava dele. Nem ele dela. Mas sempre que se encontravam, ficavam juntos. Sempre e sempre. Em todas as festas e bares da vida. Os dois sentiam uma atração muito forte, era isso. Eles se queriam, por um momento, porque era um ego maior que eles. Um dia ele até chegou a pensar que gostava dela, que queria ficar só com ela, e pedí-la em namoro. Mas a distância impedia. Ela também já chegou a pensar se gostava dele, era mês de dezembro até. Estava muito longe de casa, até ligou pra ele, saber como estava e desejar-lhe boas festas de ano novo. Mas naquela mesma noite, ela se embriagou, por causa de Henrique, então percebeu que Marcelo era apenas o “tesão” dela. Depois daquele dia, eles passaram 7 meses sem se falar, até que um dia ele veio até ela e voltaram a se beijarem loucamente. Maiane, apesar desses três donos de seus pensamentos, tinha outros pela vida. Ela tinha mudado. Era apenas de um, hoje já nem se via assim. As pessoas costumavam dizer que ela era do tipo de mulher que parava quarteirão, ela não concordava. Se fosse assim mesmo, não teria levado um, dois ou foram seis foras de Henrique? Poderia ser exagero, ou não. Estalava os dedos, o que tornava um sinal de que estava nervosa. Estava com mais dois amigos, um rapaz e uma moça. Os três esperavam pelo terceiro amigo há 45 minutos. Ou seria 50? Estavam na frente do clube, vendo todos entrarem e só eles permanecendo do lado de fora. A vontade que tinha era de entrar e procurar logo por Henrique, saber se estava lá. Iria até procurar por Marcelo, faria alguma coisa assim que entrasse, sozinha, não aguentava mais esperar. Olhou mais uma vez para o estacionamento, então há um pouco mais de 8 metros viu um rapaz alto, branco e com os cabelos bem preto. Ele usava uma blusa listrada, com cores roxo e preto. Ele estava mais bonito que o normal. Chegou até dizer para os amigos “Graças a Deus ele apareceu!”, mas quando a distância diminuiu, mais ou menos 6 metros, ou menos, viu que o rapaz não era seu amigo, nem um outro rapaz qualquer. Não era um parente, um conhecido qualquer, um outro, nem era Flávio, nem era Marcelo, mas sim Henrique. O rapaz que também olhava pra ela, mudou sua direção. Ele andava em linha reta, e desviou, indo à sua esquerda, diretamente para onde Maiane estava. Pensaram, os três, até que ele vinha falar com ela. O que seria um milagre. Ela virou o rosto, olhando para a garota alta e loira que estava à sua frente, soltando um palavão bem baixo, acompanhado de um “meu Henrique”, que não era verdade, porque ele nunca foi dela. O rapaz que sempre a deixou inquieta não foi àquela direção para falar com ela, nem para se enturmar. Ele passou direto. Por trás da loira, na frente de Maiane. Era de propósito? Era um sinal? Se perguntava e se iludia. Ele entrou no clube, ela soltou o braço do amigo, que apertava com muita força. Parecia uma louca. Logo depois da situação, o querido amigo apareceu. Finalmente entrariam, e ela já sabia que ele estava por lá, então bastava saber onde ele estava para que depois pudesse ir falar com os outros que ficavam na mesma mesa dele, os novos conhecidos por ela. Ao entrar, pediu logo para que os amigos fossem pelo lado esquerdo do salão, ele sempre ficava ali. Não o encontrou logo, demorou mais duas voltas até encontrá-lo. Ficaram em uma mesa do lado esquerdo, ela o enxergava de lá. Via com quem ele dançava, conversava, bebia.. bebia não, ele não estava bebendo naquela noite. Seria promessa? Seria algum outro problema? Pensou. Logo compraram bebida, não wisky, mas Vodka. Era a pior bebida para ela. Era a bebida que sempre a deixava mais louca. Ela já estava louca, com algumas .. Quatro boas doses já estaria indo atrás dele, mais uma vez pedir para ele ser seu.

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